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Artesãos

 

Promovemos o trabalho de oito artesãos emblemáticos do Minho, uns mais contemporâneos, outros ainda sonham com um forno novo e muita lenha para cozer as suas criações artísticas. Tiraram mestrados na universidade da Vida, são doutorados na dureza do dia-a-dia. Comum a todos, é a preocupação com a continuidade desta arte do povo. As novas gerações, dizem, não vêem o tesouro que lhes está tão próximo.

Artesãos do Minho, Portugal.

Alfredo Machado

 

Alfredo Machado nasceu em Braga a 30 de Abril de 1960. Criado no seio de uma família de mestres, foi adquirindo ao longo da sua infância o gosto pelo fabrico de instrumentos musicais de cordas. Incentivado pelo seu pai, o mestre Domingos Machado e pelo Professor Escultor Jorge Ulisses, aos 15 anos deu os seus primeiros passos na construção de instrumentos musicais. Com o passar do tempo, Alfredo Machado consegue com sabedoria e mestria atingir a perfeição na produção destes instrumentos. Actualmente, trabalha na oficina do seu pai, desenvolvendo com este projetos inovadores de instrumentos musicais a pedido de músicos e colecionadores. Colabora ainda com o seu pai na realização de visitas ao Museu de Cordofones e à oficina de fabrico de instrumentos artesanais.

O artesão Alfredo Machado tem carta de artesão e o seu nome está projectado a nível nacional e internacional.

Alfredo Machado
António Ramalho

 

António Ramalho nasceu em 1969 no concelho de Barcelos. Filho da artesã Júlia Ramalho e bisneto da famosa ceramista Rosa Ramalho, cedo começou a conviver com o barro. Criado no seio de uma das mais reconhecidas famílias de artesãos de Barcelos, começou em 2004 a dedicar-se exclusivamente à tradição da família. No entanto, a sua obra artística descola-se da linha ancestral não só pelo vidrado em tons de verde, mas, sobretudo, pela forma genial como insere diversos elementos extraídos de peças da mãe e da bisavó, num novo contexto dominado por figuras insólitas do mundo marítimo.

 

O artesão António Ramalho aderiu ao processo de certificação do Figurado de Barcelos, e o seu trabalho é visto como uma possível via de evolução do figurado da região.​

António Ramalho
Carlos Dias
Carlos Dias

 

Carlos Dias nasceu no concelho de Barcelos, no seio de uma família humilde e numerosa. A morte precoce do pai determinou o seu abandono escolar e inserção numa das fábricas de cerâmica que, naquela época, proliferavam na região. Com a passagem do milénio a industria de cerâmica entra em declínio e Carlos Dias cai no desemprego. Improvisa então uma pequena oficina em sua casa e dedica-se àquilo que gosta de fazer. Começou por criar quadros de porcelana com motivos florais, mas seria nas representações de Presépios, Última Ceia e figuras de Cristo que o artesão formou a sua obra artística. Apesar das temáticas comuns aos artesãos tradicionais do figurado barcelense, Carlos Dias distingue-se pelas peças minimalistas, rostos indefinidos e presépios peculiares. A ideia de misturar barros que não têm pintura mas que tem cor é dele e foi assim que vingou, preservando o tradicional e, simultaneamente, inovando. Com um estilo e modo de fazer muito próprios, não cedeu às regras pré-definidas do figurado tradicional. O artesão emerge como a nova figura do artesanato barcelense, com peças em grés. Tem carta de artesão e unidade produtiva artesanal, e é já uma referência entre colecionadores e lojas, onde não falta sequer obra sua na colecção de presépios da Maria Cavaco Silva. Na 29ª Mostra de Artesanato e Cerâmica de Barcelos, Carlos Dias obtém distinção de reconhecimento pelas suas miniaturas.

Conceição Sapateiro
Conceição Sapateiro

 

Conceição Sapateiro nasceu a 2 de março de 1952 na freguesia de Galegos Santa Maria. Filha de um sapateiro e de uma barrista, casa aos 23 anos e emigra para a Galiza, onde trabalhou por duas décadas em fábricas de cerâmica e porcelana. Aos 43 anos de idade regressa a Portugal e começa a criar robustas peças de figurado vidrado que, rapidamente, atraíram o olhar dos apreciadores e colecionadores, alcançando uma rápida ascensão no seio da Arte Popular. As suas representações passam pelos santos populares, ceias, presépios e profissões nas mais variadas formas e combinações de cores. O marido, Joaquim Vitor Oliveira, nascido no seio de uma família barrista, é seu parceiro na produção e, juntos, combinam os vidrados de Areias S. Vicente com os pintados garridos da Galiza, num modo de fazer único e particular que posiciona as suas criações como originais e diferenciadoras.

A artesã Conceição Sapateiro aderiu ao processo de certificação do Figurado de Barcelos, e a sua obra já ganhou inúmeros prémios e distinções nacionais e internacionais, destacando-se a distinção de “Embaixatriz do Artesanato Português” obtida em Tenerife, e o Prémio Nacional de Artesanato do IEFP, obtido com a Cruz que se encontra exposta no edifício dos Paços do Concelho de Barcelos.

Domingos Machado

 

Domingos Machado nasceu a 7 de Abril de 1936 em Aveleda. Aprendeu a arte de fabricar instrumentos musicais com o seu pai, Domingos Manuel Machado. Após o seu casamento, Domingos Machado resolve trabalhar por conta própria. Para aperfeiçoar os conhecimentos até então obtidos, o artesão recebeu na Cidade Invicta lições de um mestre da Casa Duarte. Mais tarde, através do Etnólogo Doutor Ernesto Veiga de Oliveira, o artesão alargou o seu conhecimento sobre a diversidade de instrumentos musicais existentes, dado que o Etnólogo dedicava-se à recolha de instrumentos antigos para o Museu Etnológico de Lisboa, confiando o restauro destes ao artesão. Actualmente, Domingos Machado fabrica para diversos coleccionadores nacionais e internacionais, músicos profissionais e bandas de musica popular. George Harrison, um dos ex-Beatles, tem uma viola feita pelo artesão. Cedeu a Oliver Serrano, primeiro produtor dos Beatles, alguns instrumentos musicais da sua colecção. Como agradecimento o seu nome está em dois CDs. O primeiro em 1993 e o segundo em 1994. Intitula-se «Vida para Vida» e tem a dedicatória "Very special thanks to Domingos Martins Machado”. Domingos Machado tem carta de artesão e unidade produtiva artesanal, e foi o primeiro artesão a Norte a executar Violas Campaniças, Beiroas e Toeiras. Considerado Artesão do século pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, Domingos Machado é hoje um conceituado mestre com mérito reconhecido a nível nacional e internacional

Domingos Machado
Irmãos Mistério

 

Os irmãos Mistério, Francisco Esteves Lima e Manuel Joaquim Esteves Lima, nasceram a 11/04/1964 e a 03/10/1961, respectivamente, na freguesia de Galegos Santa Maria. Estes são os herdeiros diretos do figurado mordaz de Domingos Gonçalves Lima, vulgo Mistério.

Esta é uma família que com muito empenho dá continuidade à cor, alegria e sentimentos das suas criações artísticas, muitas delas de escárnio e maldizer que tanto os caracteriza no seio do figurado de Barcelos — do caricatural até ao tradicional popular da região Minhota. Os filhos Mistério perpetuam assim o legado do seu pai, que foi um grande mestre do figurado barcelense, ampliando a obra da família de oito décadas com novas criações, como as peças a “Ceia dos Diabos” e os “Santo Antónios” a andar de bicicleta. 

 

Os irmãos Mistério têm carta de artesão e unidade produtiva artesanal,, e a obra artística da família Mistério encontra-se espalhada pelos quatro cantos do mundo, desde a Europa, passando pelo continente  Americano até a Ásia.

Irmãos Mistério
Júlia Côta

 

Júlia Côta nasceu a 26 de Dezembro de 1935 na freguesia de Galegos Santa Maria. Filha da lendária artesã Rosa Côta e neta de João Domingues Côta da Rocha, pai do Galo de Barcelos, desde tenra idade que a artesã Júlia Côta começou a trabalhar no barro.

As suas obras artísticas nascem do imaginário popular minhoto, como o Galo de Barcelos, Camponesas, Músicos e outros motivos tradicionais da região. Contudo, Júlia Côta dá asas à criatividade modelando figuras burlescas à luz da sua imaginação, como é o caso dos famosos Diabos. "Estes meus Diabos são tão bonitos de tão feios que são”, afirma a artesã de sorriso nos lábios. 

A artesã Júlia Côta aderiu ao processo de certificação do Figurado de Barcelos, e o seu trabalho é amplamente reconhecido, quer pelas formas das figuras apresentadas quer pela riqueza das suas cores.

Júlia Côta
Júlia Ramalho

 

Júlia Ramalho nasceu a 3 de maio de 1946, em Galegos S. Martinho. Apesar do pai ser ceramista, foi a avó, a mestre artesã Rosa Ramalho, a sua grande fonte de inspiração e com quem Júlia cedo aprendeu a moldar o barro. 

No início era apenas a neta da conhecida ceramista Rosa Ramalho. Contudo, o seus genes artísticos e a sua resiliência acabaria por lhe dar a devida notoriedade. Bons exemplos disso são as suas obras  “Padre Inácio” e “Os setes pecados mortais”, que a colocaram na lista dos melhores artesãos de Barcelos. As suas criações artísticas identificam-se pelo vidrado em tons de mel, que aplica na maioria das suas representações, como medusas, cristos, cabeçudos entre outros.

 

A artesã Júlia Ramalho aderiu ao processo de certificação do Figurado de Barcelos e, em 2012, obteve o prémio Carreira na 2ª edição da Gala do Artesanato de Barcelos.​

Júlia Ramalho
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