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Júlia Côta

"Há tantas coisas que quero fazer que até nem queria morrer!"

 

Júlia Côta gosta de começar as conversas com os clientes esclarecendo um facto importante: "Foi o meu avô que criou o galo de Barcelos, no Largo do Santo Amaro. Foi ali que o meu avô nasceu e que criou o galo. Eu não sei como aconteceu! Só me lembro dele ali sempre na roda a trabalhar a fazer o cabaço do galo (o corpo), e depois o rabo e a crista são pregadas umas nas outras. Quem fez o verdadeiro galo que deu o nome a Barcelos foi o meu avô". "Eu bem digo aos meus filhos. Aprendei, que eu não duro sempre", mas eles contestam que a mãe é que tem jeito e que foi a única de oito irmãos que ficou com a arte popular. Júlia ainda pensou em passar os conhecimentos para o filho, "ele é que tem amor por isto", mas, sublinha que este mister não tem futuro. Gosta de tudo o que faz. Pelas bonecas e pelos diabos tem mais carinho. E imaginação não lhe falta, são tantas as coisas que gostava de fazer que acha que uma só vida não lhe chega. Até parece que as peças "me nascem das mãos". Por isso mesmo afirma que "até nem queria morrer!".

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