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Júlia Ramalho

"Das medusas, não me desfaço delas!"

 

Júlia Ramalho tem mais de 60 anos no corpo. A avó de Júlia Ramalho, a certa altura, quando tinha muito trabalho a fazer peças de artesanato, "pegou na sua pequena tribo e pô-los a trabalhar". A mais franzinha, mas com mais jeito, Júlia, foi quem melhor vingou. O seu primeiro salário foi de 90 escudos por semana - "um luxo!" - e a primeira peça que vendeu, com dez anos, foi um boneco, por cinco coroas, ao qual já perdeu o rasto. Júlia Ramalho gosta mesmo é das suas medusas de cabelos mel - "às vezes até parece caramelo" - que, por vezes, recorrendo à técnica de fumo, fica verde. "Assim já se pode brincar com os tons". Não gosta de fazer diabos e acredita que há peças que dão mesmo azar. Recorda a história de uma feira de artesanato quando uns catalães lhe ofereceram um diabo. Júlia achava que tinha um olhar estranho e deu-o a um amigo. A partir daí, tudo corria mal ao amigo, que não querendo deitar a peça fora, ofereceu-o a outra amiga, ignorando o conselho de Júlia de se desfazer daquele pobre diabo e deitá-lo ao rio Douro. Um dia a artesã recebeu um telefonema de uma senhora de Lisboa que, com a vida em "pantanas", lhe perguntava o que fazer ao mal fadado demónio. Finalmente, foi destruído.

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